Já repararam que a gente nunca
consegue ser feliz por completo? E realizado? Amado (ou amar)?
Parece
que completas só temos mesmo nossas tristezas, raivas, angústias,
medos, dúvidas, dívidas, mágoas e reclamações.
Não,
ninguém aguenta mais tanta reclamação, nem tanta ostentação.
Toda polaridade cansa. Essa história
de ou se vive de uma forma ou da outra completamente oposta não dá
mais.
A importância que damos a tudo deve
depender exclusivamente do momento em que estamos vivendo e não de
circunstancias ou conveniências.
Nada é pleno, nada é absoluto,
enquanto insistirmos em algo “cheio” seremos sempre “pouco”,
no máximo “metade”. E viver pela metade geralmente significa buscar no outro aquilo que nos completa.
Não né? Temos que aprender a nos preencher, para que caso apareça outro possamos transbordar. Vai que o outro não
aparece? Ou talvez apareça completamente vazio?
Seria um sonho ter uma penseira
(espécie de utensilio utilizado por bruxos na saga Harry
Potter onde são
armazenados nossas preocupações após retiradas de nossa mente),
mas já que não dispomos de tal artefato o jeito é aprendermos a
fragmentar algumas emoções que insistem em nos tirar o sono.
O que me faz feliz?
A relação do que me faz feliz (ou
melhor do que faz os meus momentos felizes) é tão extensa quanto a
outra (que me deixa triste, com raiva). Estar com aqueles que eu amo.
Namorar. Ler um bom livro. Viajar. ao teatro assistir musicais.
Escrever. Trabalhar. Dormir. Estar com os meus amigos. Comer comida
japonesa, mexicana, ir na Galeria
dos Pães (na realidade
acho que comer bem me faz feliz...rs). São coisas que eu amo.
Descobri que muita coisa me faz
feliz, e muito embora eu tenha uma infinidade de desejos a serem
realizados, não posso responsabiliza-los pela minha felicidade, pois
caso venha a realiza-los, ainda assim não me sentirei completamente
feliz (sempre vai faltar alguma coisa), já imaginou se os desejos
não se realizarem? Serei infeliz pelo resto da vida? Fragmentei a
alegria.
Mentira. Hipocrisia. Egoísmo.
Atraso. Falta de educação. O preço da gasolina. Acordar muito
cedo. O custo de vida. São coisas que realmente conseguem me tirar
do sério. Mas aprendi a transformar tudo isso em instantes que não
conseguiriam me fazer tão mal se os carregassem o tempo todo por
onde quer que eu fosse. Fragmentei a raiva.
É incrível como já vivi tristezas
imensas com quem já me proporcionou as maiores alegrias. Tipo
aqueles casais, amigos ou irmãos que até ontem não conseguiriam
viver separados, e que após algum tipo de desentendimento passam a
se odiar, esquecendo tudo o que foi vivido anteriormente. Não, né?
Foram felizes sim, e se frustraram, se magoaram sim. Fragmentos de
uma relação. Fragmentos de amor. Fragmentos de tristeza.
Fragmentos de raiva. Fragmentos de saudade. Fragmentos de
crescimento. Fragmentos de maturidade. Fragmentos de felicidade.
Os fragmentos nos equilibram, se
prestarmos atenção estamos sempre tristes com algo, mas felizes com
outros. Talvez esse equilíbrio seja o responsável por não
surtarmos. Alguém 100% feliz, realizado ou irado, se perde
Se alguém me perguntasse aos 20 anos
quem era meu melhor amigo, a resposta seria diferente dos 30, 35, 36,
40... ou hoje.
As pessoas surgem exatamente quando
precisamos delas naquele momento. Meu melhor amigo hoje não reduz a
importância do meu melhor amigo do ano passado, a quem eu continuo
amando pela importância fundamental num período fragmentado da
minha vida onde ele era quem mais importava. Fragmentei a importância que dou às pessoas (ou a importância que elas têm na minha vida).
Fragmentar os sentimentos, além de
servir para que um sentimento não sobressaia ao outro, serve ainda
para que possamos vivê-los com toda a intensidade, nem que seja por
um instante, e que esse instante seja intenso a ponto de não nos
tornarmos o coitadinho que só lamenta ou o animadinho da auto-ajuda;
e vamos combinar? Os dois são chatos pra caramba...
O segredo é fragmentar...
Eitaaaaa!!!!
ResponderExcluirMe deu até vontade de falar um palavrão. Dessa vez você se superou Anderson. Foi f....
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