terça-feira, 26 de julho de 2016

Fragmente-se...

    

    Eita mania que temos em querer viver tudo de forma plena, completa.
Já repararam que a gente nunca consegue ser feliz por completo? E realizado? Amado (ou amar)?
    Parece que completas só temos mesmo nossas tristezas, raivas, angústias, medos, dúvidas, dívidas, mágoas e reclamações.
    Não, ninguém aguenta mais tanta reclamação, nem tanta ostentação.
  Toda polaridade cansa. Essa história de ou se vive de uma forma ou da outra completamente oposta não dá mais.
   A importância que damos a tudo deve depender exclusivamente do momento em que estamos vivendo e não de circunstancias ou conveniências.
   Nada é pleno, nada é absoluto, enquanto insistirmos em algo “cheio” seremos sempre “pouco”, no máximo “metade”. E viver pela metade geralmente significa buscar no outro aquilo que nos completa.
    Não né? Temos que aprender a nos preencher, para que caso apareça outro possamos transbordar. Vai que o outro não aparece? Ou talvez apareça completamente vazio?
    Seria um sonho ter uma penseira (espécie de utensilio utilizado por bruxos na saga Harry Potter onde são armazenados nossas preocupações após retiradas de nossa mente), mas já que não dispomos de tal artefato o jeito é aprendermos a fragmentar algumas emoções que insistem em nos tirar o sono.
    O que me faz feliz?
   A relação do que me faz feliz (ou melhor do que faz os meus momentos felizes) é tão extensa quanto a outra (que me deixa triste, com raiva). Estar com aqueles que eu amo. Namorar. Ler um bom livro. Viajar. ao teatro assistir musicais. Escrever. Trabalhar. Dormir. Estar com os meus amigos. Comer comida japonesa, mexicana, ir na Galeria dos Pães (na realidade acho que comer bem me faz feliz...rs). São coisas que eu amo.
   Descobri que muita coisa me faz feliz, e muito embora eu tenha uma infinidade de desejos a serem realizados, não posso responsabiliza-los pela minha felicidade, pois caso venha a realiza-los, ainda assim não me sentirei completamente feliz (sempre vai faltar alguma coisa), já imaginou se os desejos não se realizarem? Serei infeliz pelo resto da vida? Fragmentei a alegria.
    Mentira. Hipocrisia. Egoísmo. Atraso. Falta de educação. O preço da gasolina. Acordar muito cedo. O custo de vida. São coisas que realmente conseguem me tirar do sério. Mas aprendi a transformar tudo isso em instantes que não conseguiriam me fazer tão mal se os carregassem o tempo todo por onde quer que eu fosse. Fragmentei a raiva.
   É incrível como já vivi tristezas imensas com quem já me proporcionou as maiores alegrias. Tipo aqueles casais, amigos ou irmãos que até ontem não conseguiriam viver separados, e que após algum tipo de desentendimento passam a se odiar, esquecendo tudo o que foi vivido anteriormente. Não, né? Foram felizes sim, e se frustraram, se magoaram sim. Fragmentos de uma relação. Fragmentos de amor. Fragmentos de tristeza. Fragmentos de raiva. Fragmentos de saudade. Fragmentos de crescimento. Fragmentos de maturidade. Fragmentos de felicidade.
    Os fragmentos nos equilibram, se prestarmos atenção estamos sempre tristes com algo, mas felizes com outros. Talvez esse equilíbrio seja o responsável por não surtarmos. Alguém 100% feliz, realizado ou irado, se perde
    Se alguém me perguntasse aos 20 anos quem era meu melhor amigo, a resposta seria diferente dos 30, 35, 36, 40... ou hoje.
   As pessoas surgem exatamente quando precisamos delas naquele momento. Meu melhor amigo hoje não reduz a importância do meu melhor amigo do ano passado, a quem eu continuo amando pela importância fundamental num período fragmentado da minha vida onde ele era quem mais importava. Fragmentei a importância que dou às pessoas (ou a importância que elas têm na minha vida).
   Fragmentar os sentimentos, além de servir para que um sentimento não sobressaia ao outro, serve ainda para que possamos vivê-los com toda a intensidade, nem que seja por um instante, e que esse instante seja intenso a ponto de não nos tornarmos o coitadinho que só lamenta ou o animadinho da auto-ajuda; e vamos combinar? Os dois são chatos pra caramba...

    O segredo é fragmentar...

2 comentários:

  1. Me deu até vontade de falar um palavrão. Dessa vez você se superou Anderson. Foi f....

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