segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Acho que estou ficando velho. Ou cansado...

       
  

           No ultimo sábado, após muito tempo resolvi ir à missa.

A MISSA em questão,  como é carinhosamente chamada por seus frequentadores, é uma das baladas mais tops de São Paulo.

                Mesmo após um tempo sem comparecer à missa, as coisas por lá continuam como sempre foram,  dos caras que se acham, brigando pelo espelho, às garotas inconformadas com tantos homens bonitos, quanto a necessidade tomar bala ou doce para curtir a balada.  Como diria Neide (personagem de Eduardo Martini na peça I Love Neide)...esse pessoal tá consumindo muito açúcar...

                O que me chamou a atenção é como o pessoal ainda se preocupa em como será visto.  A começar pelo grupo de amigos que desceram do ônibus duas quadras antes da balada para pegar um táxi, afinal de contas “chegar na balada de ônibus...nuncaaaa”.  Na entrada desceram os três do táxi, algo como divas num tapete vermelho, enquanto que eu olhando e imaginando “VOCES TAMBEM ESTAVAM NO PQ. DOM PEDRO/PQ DA LAPA”!!!, mas para eles o que valia era o que os outros (que não estavam no mesmo ônibus)  pensavam...

                Ainda na fila (que como sempre estava imensa), comecei a presenciar um outro que já começavam a usar o doce, a bala, ou qualquer outro estimulante ali mesmo, nada contra usar qualquer aditivo, mas me pergunto se é necessário utilizar assim, na frente de todo mundo.  Talvez o mesmo deva pensar que se drogar na frente dos outros seja algo bacana, estiloso.

                Lá dentro continuava tudo igual, a mesma musica, e principalmente as mesmas pessoas em busca das mesmas coisas, o cara que se mata na academia, sem camisa, a fim de ser admirado, idolatrado, quando no facebook reclama que foi pra balada mas não encontrou ninguém bacana, apenas pessoas interessadas no seu corpo.           

                Um amigo muito querido e super paquerado nas redes sociais, também estava por lá, e dos mais de 2000 amigos que possui no facebook, acabou encontrando nessa noite uns 30  , e quando alguns desses o procuravam, não queriam saber de conversa, apenas de pegação.  E aquela historia de que são diferentes?  Que estão sozinhas porque ninguém quer nada serio? Aqueles que conversavam com ele falavam coisas do tipo: “ Não me adaptei muito ao Whey” ou “A GENTE VAMOS SE dar bem” ou “EU SE mato na academia”, Embora músculos seja fundamental para muita gente, para um outro pessoal (inclusive eu e meu amigo) não resolve, a inteligência também excita. 

A fim de fazer um teste, esse amigo resolveu pesquisar com seus amigos solteiros o porque de estarem sozinhos. E TODOS os que ele encontrou na balada responderam que queriam algo serio enquanto a maioria das pessoas só queria pegação...

Resultado da noite para ele: volta para casa sozinho e 30 amigos a menos no facebook.

Tambem estava por lá a patricinha, que bêbada e descabelada dava seu showzinho privado no meio da pista.

                Continuava por lá ainda o calor, o empurra-empurra e o pessoal molhado de suor esbarrando em você o tempo todo.

                Antigamente ficava de olho no relógio para não chegar atrasado à missa, no ultimo sábado não parava de olhar no relógio a fim de chegar a hora da atração da noite (a cantora Wanessa, que alias foi a única coisa que valeu à pena) terminar sua apresentação para que eu viesse embora para casa.

                Em casa, meu chuveiro nunca foi tão relaxante e minha cama tão aconchegante.  Eu juro que tentei, respeito muito meus amigos que continuam  na noite, mas para mim, acho que já deu, realmente acho que estou ficando velho...ou cansado...

terça-feira, 23 de outubro de 2012

"Só" estou sendo legal...




Vez ou outra, ao voltar da faculdade, eu e alguns outros passageiros nos espantamos com a atitude de um dos motoristas do ônibus que nos leva até o metrô. 

E o motivo de tanto espanto se trata única e exclusivamente da educação do mesmo.  Isso mesmo... educação, e não a falta dela.

Que época é essa a qual chegamos, onde achamos estranho quando alguém que não nos conhece, nos cumprimenta com um simples “Boa Noite”?

Enquanto alguns admiram e retribuem essa gentileza, outros passam direto, poucos respondem enquanto a grande maioria o chama de louco (claro que longe dos ouvidos dele).

E ele insiste, por mais que os passageiros do ponto anterior não respondam, no próximo ele cumprimenta com a mesma boa-vontade.

É visível como o simples “boa noite” de alguém que está ralando num transito como o de São Paulo, tem o poder de desarmar a cara amarrada de algumas pessoas.  Tambem é visível como existem pessoas amargas e  mal-humoradas a ponto de nem ao menos acenarem com qualquer gesto.

Garanto que para algumas pessoas, se a pessoa em questão fosse alguém “mais elitizado” que um simples motorista de ônibus, a resposta, bem como o sorriso, seria imediato.

Na minha adolescência trabalhei numa famosa rede de lanchonetes onde para 99% dos funcionários, a pior das funções não era lavar o banheiro ou ficar o dia inteiro na chapa, mas sim cumprimentar os clientes que entravam na loja, talvez pelo simples fato de que tais clientes, na grande maioria das vezes, nos ignorava.

Certa vez estava na balada quando me aproximei de uma garota, a cumprimentando com um: “olá estava do outro lado do balcão e...!!!” Ela imediatamente me barrou da seguinte forma: “olha não leve a mal, mas estou com alguém”, no que prontamente respondi: “Tudo bem, só vim dizer que sua comanda caiu da bolsa”.  Não sei o que foi pior para ela: perder a comanda ou ter cair na real de que ela não é tão desejada assim.  A velha história do “Sou legal, não estou te dando mole”.  Claro, depois ela se desculpou pelo comportamento, e saiu pela tangente dizendo que estava brincando. Coitada, mal sabe ela (risos)...

Temos o péssimo habito de acreditar que qualquer pessoa que nos trate bem, quer algo em troca.

Alias chegamos ao ponto de querer retribuir de alguma forma pelo trabalho realizado da forma correta, sem mais nem menos.  Explico.  Certa vez estava no hospital, quando uma paciente apareceu com uma cesta de flores para a medica e uma cesta de café de manhã para os funcionários da enfermagem.  Questionada o porquê de tal atitude, a mesma foi taxativa: “É porque fui bem tratada”.  Ou seja, a equipe, a qual inclusive eu fazia parte, não fez nada demais, a tratou como qualquer outro paciente.  Mas devido a tantos outros colegas que a trataram com descaso, ela achou por bem nos recompensar de alguma forma.

O que não falta são exemplos de pessoas que causam espanto por tratar o próximo de forma digna,  infelizmente também não faltam outros que ao observarem essas pessoas se lamentam: “Que gesto bonito, também queria poder fazer algo parecido”...seria cômico se não fosse ridículo...

Voltando ao motorista, ao chegar no ponto final da linha, ele agradece a cada um dos passageiros desejando-lhes bom descanso.  Enquanto cada um de nós volta para casa, passando uns por cima dos outros, ele faz o retorno com o ônibus e começa a viagem novamente, com a mesma educação que ele insiste em compartilhar com cada um de nós.  Resta-nos decidir o que fazer com a lição que ele insiste em nos ensinar, continuar ignorando-o, chamando-o de louco, ou coloca-la em pratica.  Acho mais legal coloca-la em pratica, ainda prefiro ser chamado de louco, a ser ignorado ou mal educado...

Mentira...

       Tem gente que mente.  Tem gente cuja vida é tão mentirosa, que não consegue mais lidar com a verdade.        A gente  mente po...