segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Dezembro...


   


   E aí chegou dezembro. O mês em que eu mergulho de cabeça nas emoções geradas por uma crise existencial que sempre acompanha meu aniversário e as festas de fim de ano.
    Não sei lidar com o outro, nem ao menos comigo mesmo.
    É o mês da introspecção. Onde todas as emoções afloram. Onde os corais natalinos se tornam uma desculpa para o choro acumulado, ou a falsa caridade de alguns trazem embalados junto aos pacotes de presentes, a raiva daqueles que não conseguem viver longe da hipocrisia e do falso altruísmo natalino.
    É o mês onde apenas Clarice, Caio e Bukowski me entendem ou refletem o que estou vivendo no momento.
    É o mês onde grito absurdamente por ajuda, mas talvez pelo fato do grito ser silencioso, ninguém me ouve, me forçando a retirar mais uma vez do armário a máscara do “tá tudo bem”. Não, não está. E talvez eu não queira falar sobre, ou ouvir coisas do tipo “vai ficar tudo bem”, "é frescura" ou “ você não tem motivos para isso”. Não, o outro nem sempre sabe ouvir sem sequer apontar ou julgar.
   É o mês onde não quero responder: “Está tudo bem”, mesmo quando sabem que não estou e não quero, ou não preciso, dizer o motivo. Apenas me abrace por eu não estar bem.
   É o mês em que a bateria está na sua carga mínima esperando que alguém a troque, porque nem sempre consigo recarrega-la sozinho.
   É o mês em que nem sempre as congratulações pelo aniversário, Natal ou Ano Novo, me convencem, onde todos aqueles elogios pela pessoa que eu sou, veem carregados de uma responsabilidade ainda maior em corresponder a expectativa do outro em relação a mim.
   É o mês em que não faço balanço do ano que passou, pois tudo o que aconteceu foi para o meu crescimento.
    O mês em que não faço planos para o futuro, pois a frustração só aparece para aqueles que criam expectativas.
   É o mês onde uma mensagem não respondida, pode soar como indiferença.
  Onde qualquer mentira, mesmo quando insistam, ou sabemos que é verdade, me agride a ponto de desacreditar cada vez mais nas pessoas.
   Onde fico triste por subestimarem a minha inteligência, a minha humanidade ou a minha admiração.
  Onde a ausência se faz presente mesmo num ambiente cheio de gente, cercado por “coisas boas”.
  Onde aflora a necessidade de me sentir amado. E sentir é completamente diferente de ouvir que se é.


Mentira...

       Tem gente que mente.  Tem gente cuja vida é tão mentirosa, que não consegue mais lidar com a verdade.        A gente  mente po...