“...Chega. Cansei. Agora vou pensar em mim. Vou começar a me amar, a me colocar em primeiro lugar, me valorizar, chega de dar valor a quem não me merece!!!!...” Quem nunca ouviu ou disse isso antes, ou é surdo ou é daqueles que sempre idealizou uma relação perfeita (ao menos do seu ponto de vista).
Não
é à toa que a relação acabou né? Tanto o(a) outro(a) quanto você
só pensavam nele(a). As pessoas vivem escrevendo, compartilhando
frases e versos onde enaltecem o amor recíproco, só esquecem de
dizer que essa reciprocidade é sobre, e principalmente, amor
próprio.
Algumas
vezes as pessoas, ou nós mesmos (quem nunca?) passam anos
idealizando a relação perfeita, com o ser perfeito, mesmo
sabendo que o outro não o é. É aí que mora o problema. Se tem
alguém que engana na relação, nunca é outro. Somos nós mesmos
que insistimos em não dar o braço a torcer para nossa razão sempre
que ela insiste em nos mostrar que o outro não é nada daquilo que
imaginamos (ou como gostaríamos que fosse).
E
se o outro tem toda essa auto-estima em ser paparicado, mimado a
ponto de se sentir aquela pessoa que pode aprontar o quanto quiser
porquê nunca irão deixa-lo, é porque nós, os desprovidos de amor
próprio os alimentamos diariamente com o que resta da nossa
dignidade e baixa estima na esperança de resgata-la com migalhas de
atenção afetiva.
A
libertação dos relacionamentos abusivos não é fácil. Aprendemos
a acreditar que precisamos daquela relação para sermos felizes,
pegamos para nós a responsabilidade pela felicidade do outro, e
acabamos esquecendo do nosso próprio bem-estar, emocional, afetivo e
físico (sim, aquilo que não é curado emocionalmente, passa a ser
físico). Criamos uma dependência daquilo que nos faz mal. Mentir a
si próprio, tentando justificar o motivo de não tomar as rédias da
própria vida, passa a ser algo tão comum a ponto de acreditarmos na
própria mentira.
Acho
que a maioria das pessoas têm medo ou desconhecem o tal amor
próprio, talvez pensemos que amor próprio seja algo do tipo: “Eu
me basto, não preciso de ninguém pra ser feliz, vou viver sozinho e
completamente feliz pelo resto da minha vida...”.
Não né? Talvez essa noção de amor próprio, a principio, seja um
tanto quanto radical, então fui pesquisar “papai
Aurélio”,
pra ver o que ele tem a dizer sobre o tema, e a resposta é a mais
clara e simples possível: “Amor próprio é o sentimento de
dignidade, estima ou respeito que cada qual tem por si mesmo”.
Viver
esperando a outra metade da laranja pode durar a vida toda e ainda
assim não aparecer, ou aparecer verde, ou madura demais. Ela nunca
virá do jeito que idealizamos.
Pode
ser que essa metade já se sinta completa, e com certeza ela não
procurará outra para completar, vai procurar alguém para somar. E
você só vai somar se também estiver completo e começando a amar a
si próprio é a única forma de se sentir não completo, mas
inteiro....