Com a morte da apresentadora Hebe Camargo e
toda a comoção que tal perda causou (inclusive a mim), comecei a questionar o
(não) hábito de lidarmos com as perdas.
A apresentadora, assim como outras personalidades,
parecia algum ser Elemental, alguma
imagem criada pela TV, algo irreal, talvez venha daí a impressão de que tais personalidades
durariam para sempre. Ou quase.
Mas... e nosso dia-a-dia, no mundo real em que
criamos relações diariamente, como lidarmos com tais perdas?
Deixando de lado as perdas repentinas, (onde pessoas
são levadas por acidentes, infartos, etc,) as demais são como perdas
anunciadas.
Não tem como não lembrar a perda
do meu pai, quando após dias em coma ele acordou, completamente imóvel, pedindo
pelo “amor de Deus” para abreviarmos o sofrimento dele. A recuperação era
praticamente impossível, ainda assim, alguns familiares insistiam pela sobrevivência
dele, mesmo que para isso vegetasse para sempre.
Não repreendo esses familiares
por pensarem dessa forma, mas ao invés de pedir o prolongamento de sua vida em
condições completamente dependentes do outros (algo que ele abominava), comecei
a pedir para que ele vivesse (o que lhe restava) sem sofrimentos, da forma mais
digna possivel, independente da alta ou do óbito.
Talvez tal comportamento foi o
que me fortaleceu tanto no momento da perda, ao contrario de quem o esperava
cheio de vida.
E os relacionamentos então? Está na cara quando algo não vai bem. O comportamento sempre reflete o sentimento
do outro. O outro fica diferente, ausente,
se afasta, e você insistindo em algo que por mais que você não queira, sabe que
está perdido.
E quando são anunciadas porque insistimos em
não encarar de frente o processo da perda?
Por medo? Medo do quê se realmente
já está perdido? Medo de ficar
sozinho? Esse medo acaba nos impedindo
de viver o tempo que nos resta ao lado de quem amamos.
Não tem jeito, mais cedo ou mais tarde teremos
de aprender a andar sozinhos. Não
adianta, ninguém vive para sempre. É melhor aproveitarmos o convívio com o
outro AGORA, pois esse agora pode durar anos, décadas ou segundos, dependerá
apenas da intensidade de como iremos vive-lo...